"Corvos" voam baixo em noite de rock retrô em São Paulo
- Renato Menez
- Mar 20, 2023
- 3 min read
The Black Crowes retorna ao país com show único impecável na capital paulista; banda de abertura não decepciona e cativa público
Texto/fotos/vídeos: Leonardo Felix
O #VamosFalar esteve no Espaço Unimed (São Paulo/SP) no dia 14 de março para conferir o aguardado show da banda norte-americana The Black Crowes, que fez parte da turnê comemorativa de 30 anos do lançamento do álbum de estreia "Shake Your Money Maker".
Logo na abertura, a noite teve uma grata surpresa. A banda gaúcha de Santa Maria Hurricanes preparou o terreno para o retorno dos corvos ao Brasil, que não pisavam por aqui desde o longínquo e histórico Hollywood Rock de 1996, que trouxe também ao país a dupla Jimmy Page & Robert Plant.
O grupo tem uma vibe retrô, que vem diretamente dos anos 70, desde os figurinos à sonoridade carregada de blues rock. A guitarra slide marcou a primeira música, "Through the lights". A segunda canção, "The bird´s gone" nos leva à fase MKIII/MKIV do Deep Purple, com Hammond em destaque e o groove do baixo. O solo de guitarra também emula os timbres e os riffs de Richie Blackmore.
O blues mais puro entra em cena em "How do you love?". A gaita dá as cartas na introdução e o "clima The Doors" invade o Espaço Unimed. "Waiting" acentua a viagem pelos anos 70. A guitarra carregada de flanger conduz a música.

"Devil' deal" lembra bastante o clima do álbum de estreia do Black Sabbath, na timbragem da guitarra e nas frases. O primeiro single, a balada blues rock "Flowers" cativou a plateia em uma performance visceral. A agitada e zeppeliana "Purple clouds" fechou o curto set de cerca de 30 minutos que agradou o público que aguardava o Black Crowes.
O que ainda precisa ser desenvolvido no grupo gaúcho é uma identidade mais particular, sua impressão digital, o que naturalmente deve acontecer ao longo da carreira, que prevê o primeiro álbum para 2023 enquanto alguns singles e clipes já estão disponíveis nas plataformas digitais.
O voo dos "corvos negros"

O que falar da abertura do show do Black Crowes? Impactante, vigoroso e enérgico, como se o Hollywood Rock de 1996 tivesse sido ontem. Se no início do show da banda de abertura a pista do Espaço Unimed parecia vazia, "Twice as hard" e "Jealous again" arrebataram o público de imediato desde o primeiro acorde com muito carisma e interação, apesar de Chris Robinson se comunicar somente em inglês.
A balada "Sister Luck" mostrou que a voz e a performance de palco do frontman em nada deve ao auge da banda nos anos 90. Como prometido, teve sequência o set comemorativo dos 30 anos do álbum de estreia, com "Could I've been so blind" e a balada com um clima gospel "Seeing things".

O sucesso dançante "Hard to Handle", cover do soulman Otis Redding, esquentou o clima e transformou o show em baile. O rock and roll básico como deve ser apareceu em "Thick n' thin". Em seguida, o guitarrista Rich Robinson pegou o violão para tocar balada folk "She talks to angels", influenciada diretamente por Rolling Stones e que poderia ter saído do álbum "Sticky Fingers", por exemplo.
"Struttin' blues" e "Stare it cold" fecharam a track list de "Shake Your Money Maker" com a pegada clássica do estilo musical nascido no Mississipi. Era chegada a hora de abrir espaço para outras pérolas do repertório dos corvos: "Sometimes Salvation", "Wiser Time", "Thorn in My Pride" (em uma versão estendida), "Sting me" e o arrasa-quarteirão "Remedy".

No bis, "Virtue and vice" quebrou o clima que estava nas alturas, mas não prejudicou a performance impecável dos norte-americanos. Quem esteve presente no Espaço Unimed pode conferir uma celebração da boa música tocada ao vivo, sem playbacks e bases pré-gravadas, com entrega, suor e feeling.
Agradecimento:
T4F























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